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"Para ser grande, sê inteiro: nada
Teu exagera ou exclui.
Sê todo em cada coisa. Põe quanto és
No mínimo que fazes.
Assim, em cada lago a lua toda

Brilha porque alta vive"

Fernando pessoa


quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

Dar um salto

Hoje houve uma coisa que me sensibilizou em especial, e outra que me deixou chateada.
Esta tarde, estive na biblioteca da minha escola porque amanhã tenho exame de direito e estava com mais duas colegas da minha turma.
Uma delas, a certa altura, estava a falar da história de vida dela, por causa das notas e que quando ela era da minha idade só andava na rambóia e levava a escola pouco a sério. Depois desta conversa, ela referiu que uns estudantes de Medicina da Faculdade de Coimbra, foram para o Haiti para ajudar voluntariamente nos "Médicos de Rua". E acho que lhes fizeram uma entrevista, e o que eles disseram foi que "Voltar para Portugal? Não me apetece!". Isto sensibilizou-me, porque de facto é impressionante como a América e os outros países se disponibilizaram prontamente a ajudar, e nós nada. Mas fiquei pensativa em relação a isto, porque eu sinto-me incapaz de fazer alguma coisa. A Ana e a Laura, já falaram disto, eu sei. Eu também sinto uma vontade de dar um salto, mas eu sei o salto quero dar, penso eu. Mas isto também me fez lembrar do voluntariado que fiz na Casa da Fonte, e de todas as histórias de vida de cada criança que passou por nós, e o que vejo no Haiti é exactamente o mesmo.
Ai, a minha cabeça está num turbilhão de ideias, de pensamentos e de objectivos que agora não estou a conseguir exprimir, mais uma coisa que me chateia. Eu perco um bocado a vontade de escrever, quando vejo que há coisas com que as pessoas se preocupam, coisas mínimas comparadas a estas tragédias que ocorrem no mundo. Bem eu não consigo dizer mais nada.

Um desafio

Venho propor um desafio aos membros do Conversas Interiores: isto está às moscas (por causa de nós que não escrevemos), para acabar com isso proponho escrevermos pelo menos 1 vez por semana, mesmo que vos pareça rídiculo e pouco interssante.
O que é que me aconteceu mais significativamente nestes últimos tempos?! Tive uma péssima nota a gd e apercebi-me que fui uma tótó na faculdade pois, se fosse menos preguiçosa teria melhores notas! mas pronto a vida continua... só não estou em férias totais porque tenho a melhoria em Fevereiro! Fiquem bem

sábado, 16 de janeiro de 2010

"Pequena" por conta própria

Lembram-se de ter falado que queria deixar a minha marca no mundo? Esse é dos meus maiores desejos embora não saiba o que é que o impele. Será o meu orgulho? Será aquela ansiedade de me sentir realizada? A mania das grandezas? Há muito tempo que me sinto chamada a ajudar aquelas pessoas que se vê no filmes e nas notícias, que se lê no livros e nos jornais, que se fala com voz compadecida. Mas que não se tem muita noção que vivem ao nosso lado? Há algum tempo que quero e, não sei... há alguma coisa que me vem de dentro e me faz desejar... sei lá! Apetece-me muitas vezes deixar tudo e num imenso desprendimento de mim, ser capaz de me dar completamente.
Mas o que eu também me tenho apercebido é que este desejo não é nada. NADA! De nada serve! De nada serve se sou eu própria que construo entraves para a sua concretização. Não é significativo enquanto estou à espera que aconteça alguma coisa grandiosa para que eu possa fazer uma acção de igual tamanho. Estou de tal modo embrenhada nos meus sonhos que não vivo no presente, não torno os meus sonhos plausíveis de se realizarem. Sou as minhas correias. Muito paleio e continuo na mesma. SOU "PEQUENA" POR CONTA PRÓPRIA!
No outro dia estive a ver na Oprah (um programa de televisão que dá por vezes na SIC Mulher) várias pessoas que começaram com gestos pequenos como oferecer umas meias a um sem-abrigo e que, dando-se, tinham ajudado muito mais gente. Havia um homem que doava carros aos que mais necessitavam, um hotel que hospedava quem não tivesse onde dormir, uma mulher que oferecia lençóis que os hóteis deitavam fora. Outra mulher que, do nada, comprou uma casa para outra que a ía perder!
Acho isto magnifico, acho esplêndido que haja tanta bondade no coração do ser humano. Isto faz-me acreditar em Deus. Quem são estas pessoas que, no fundo, são pequenas imitações de Cristo? Eu posso ser uma dessas pessoas! Qualquer um de nós pode.
Tenho que fazer qualquer coisa! Estou farta que a esta impassividade tenha controlo sobre mim.
Sei o que posso fazer. Há uma data de coisas por onde começar. Coisas simples que, embora me pareçam insignificantes, significam tudo, para outras pessoas. Mas não tenho a solução perfeita. Não sei como romper o ciclo, como destruir a parede, como atravessar a linha entre aquilo que penso que deveria fazer e a acção em si. Como o fazer?
No poema de Fernando Pessoa em cima escrito está resumido aquilo que pretendo ser e fazer: tenho tantas expectativas de mim mesma e, como só a parte do pensamento entra, como não me dou por inteira, a minha lua não brilha. E eu quero que ela brilhe! Quero ser inteira, ser eu! Com os meus defeitos e qualidades! Deus pôs-me aqui por alguma razão e eu estou a desperdiçar tempo!
E no entanto, enquanto escrevo isto, eu própria não consigo acreditar totalmente que consigo passar à acção, tenho receio que vocês fiquem desiludidos comigo porque estou a escrever isto muito animada e decidida mas, provavelmente, não verão grandes, ou nenhumas, alterações (já aconteceu esperarem de mim aquilo que não lhes dei). Tenho medo de me desiludir a mim própria, de continuar a meio gás, de ser uma pequena parte de mim mesma.
Como acabar este texto, este pensamento? Talvez deva deixar por concluir porque a minha tarefa ainda não foi cumprida.

quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

Orgulho ou Humildade?

Ora viva,
hoje trago um desabafo/reflexão.

Primeiro tenho de fazer uma pequena explicação: estudo nos Salesianos de Manique e o meu transporte para a escola é um autocarro da Barraqueiro, tendo como responsáveis pelo autocarro, não só o motorista mas também, dois vigilantes.
Estava a chover.
A minha irmã Luísa entrou no autocarro e parou a meio do corredor para perguntar uma coisa à vigilante e nisto, criou uma fila para entrar no autocarro.
Um rapaz gordo (é um facto) começa logo a mandar vir e a falar mal com ela... Visto que já tenho um historial de guerras com o moço (porque tem a mania que é um bravo e gosta de provocar muito em especial as minhas irmãs), respondi-lhe e mandei-o calar. Pensava eu que ficava por alí, quando o rapazinho se lembra de me responder torto a mim também... Perdi as estribeiras e estava a ver que me atirava ao rapazinho (vontade não me faltou), mas felizmente estava lá uma das vigilantes que me impediu de, enfim, deixar uma tatuagem na cara do rapaz (se é que me faço entender).
Passada esta parte de resumo, há uma passagem bíblica que os meus pais me dão a conhecer desde pequena: 'Amai os vossos inimigos'.

Estava eu num daqueles momentos em que temos imensa coisa para fazer mas a vontade é ZERO, e comecei a pensar no que me aconteceu hoje de manhã. Fiquei furiosa, como é lógico, aquele miudo tem o dom de me tirar do sério, mas agora vejo que talvez tenha sido uma prova de como não sei amar os meus inimigos.

O facto de caminhar numa comunidade há já algum tempo, ajudou-me sem dar conta! Pois, para quem não me conheceu em miúda, teria sido bem capaz de mandar uma bufetada na cara rechonchuda do moço e, se ele tivesse o azar de me responder na mesma moeda, havia zaragata ainda maior. O facto é que não o fiz, não só pela maturidade que tenho agora, que antes não tinha, como também pelo facto de, na minha comunidade, tentar caminhar nesse mesmo sentido: 'Se te baterem na face direita, oferece também a outra'.

Era esta a reflexão que queria deixar aqui hoje: Por que é tão dicifil deixarmos atacar o nosso orgulho, quando o que o Senhor nos pede é que sejamos humildes?