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"Para ser grande, sê inteiro: nada
Teu exagera ou exclui.
Sê todo em cada coisa. Põe quanto és
No mínimo que fazes.
Assim, em cada lago a lua toda

Brilha porque alta vive"

Fernando pessoa


sábado, 16 de janeiro de 2010

"Pequena" por conta própria

Lembram-se de ter falado que queria deixar a minha marca no mundo? Esse é dos meus maiores desejos embora não saiba o que é que o impele. Será o meu orgulho? Será aquela ansiedade de me sentir realizada? A mania das grandezas? Há muito tempo que me sinto chamada a ajudar aquelas pessoas que se vê no filmes e nas notícias, que se lê no livros e nos jornais, que se fala com voz compadecida. Mas que não se tem muita noção que vivem ao nosso lado? Há algum tempo que quero e, não sei... há alguma coisa que me vem de dentro e me faz desejar... sei lá! Apetece-me muitas vezes deixar tudo e num imenso desprendimento de mim, ser capaz de me dar completamente.
Mas o que eu também me tenho apercebido é que este desejo não é nada. NADA! De nada serve! De nada serve se sou eu própria que construo entraves para a sua concretização. Não é significativo enquanto estou à espera que aconteça alguma coisa grandiosa para que eu possa fazer uma acção de igual tamanho. Estou de tal modo embrenhada nos meus sonhos que não vivo no presente, não torno os meus sonhos plausíveis de se realizarem. Sou as minhas correias. Muito paleio e continuo na mesma. SOU "PEQUENA" POR CONTA PRÓPRIA!
No outro dia estive a ver na Oprah (um programa de televisão que dá por vezes na SIC Mulher) várias pessoas que começaram com gestos pequenos como oferecer umas meias a um sem-abrigo e que, dando-se, tinham ajudado muito mais gente. Havia um homem que doava carros aos que mais necessitavam, um hotel que hospedava quem não tivesse onde dormir, uma mulher que oferecia lençóis que os hóteis deitavam fora. Outra mulher que, do nada, comprou uma casa para outra que a ía perder!
Acho isto magnifico, acho esplêndido que haja tanta bondade no coração do ser humano. Isto faz-me acreditar em Deus. Quem são estas pessoas que, no fundo, são pequenas imitações de Cristo? Eu posso ser uma dessas pessoas! Qualquer um de nós pode.
Tenho que fazer qualquer coisa! Estou farta que a esta impassividade tenha controlo sobre mim.
Sei o que posso fazer. Há uma data de coisas por onde começar. Coisas simples que, embora me pareçam insignificantes, significam tudo, para outras pessoas. Mas não tenho a solução perfeita. Não sei como romper o ciclo, como destruir a parede, como atravessar a linha entre aquilo que penso que deveria fazer e a acção em si. Como o fazer?
No poema de Fernando Pessoa em cima escrito está resumido aquilo que pretendo ser e fazer: tenho tantas expectativas de mim mesma e, como só a parte do pensamento entra, como não me dou por inteira, a minha lua não brilha. E eu quero que ela brilhe! Quero ser inteira, ser eu! Com os meus defeitos e qualidades! Deus pôs-me aqui por alguma razão e eu estou a desperdiçar tempo!
E no entanto, enquanto escrevo isto, eu própria não consigo acreditar totalmente que consigo passar à acção, tenho receio que vocês fiquem desiludidos comigo porque estou a escrever isto muito animada e decidida mas, provavelmente, não verão grandes, ou nenhumas, alterações (já aconteceu esperarem de mim aquilo que não lhes dei). Tenho medo de me desiludir a mim própria, de continuar a meio gás, de ser uma pequena parte de mim mesma.
Como acabar este texto, este pensamento? Talvez deva deixar por concluir porque a minha tarefa ainda não foi cumprida.

3 comentários:

Anónimo disse...

Muitas vezes sinto o mesmo que tu! Mas a minha falta de humildade e a minha preguiça dominam-me! Gostava de ter coragem de largar tudo e fazer algo memorável... Gostava de, sei lá, ser alguém que fez algo importante, não só aos olhos de quem ajudo mas também aos olhos do mundo! Tenho noção do meu orgulho e até me considero bastante 'convencida', mas o facto é q todos gostavamos disso (pelo menos assim o tenho em consideração).

Continua a escrever ;)

Teresinha disse...

Ana, não quero tar aqui a falar muito, até porque já falamos mais ou menos, e acho que já chegaste a uma conclusão.

Concordo contigo, e acho que deves fazer isso, faz-te bem. Eu também quero fazer, lol. Por isso, vê lá se me manténs informada.

E para além disto, mesmo sem te dares conta, tu já fazes umas "pequenas" grandes accções, que te fazem conhecer. Quem é que não conhece a ana novais? Sim, até porque tu fazes questão, vivamente, que toda a gente saiba. O que é bom. :) Mesmo que às vezes seja, ou quando dás uma grande queda, ou quando dizes grandes disparates, ou quando te faço passar vergonhas (que só tu te lembras, lol).

Se te sentes preparada para te dares aos outros, já é um bom passo, para o que queres fazer, não?

Beijinhos, aninhas.

Como a laura diz, continua a escrever. E laura, não digas disparates que tu vais ser conhecida, nem que seja só por mim, lol. Não te esqueças que aqui a manager, sabe organizar bem as cenaaas. ahah

André disse...

Primeiro que tudo, a resistência à mudança dentro nas pessoas é tão comum quanto a própria necessidade de mudança.

Isto reflecte o ambiente vivido dentro de ti, sempre que está em curso um processo de mudança, como o velho princípio da física que diz: que a cada acção corresponde uma reacção igual ou contrária, neste caso á mudança opõem-se uma força resistente.
O fenómeno da resistência á mudança pessoal pode ser consequência da diversida da lógica, do tempo necessários para que tu te ajustes à mudança, pois serão-te impostos novos investimentos pessoais.

Se acreditares que essa mudança te é favorável, certamente irás deixar a tua marca no mundo.
A mudança vai desencadear em ti medos e insegurança no que diz respeito teu futuro, como aqui dizes: " Há algum tempo que quero e, não sei... há alguma coisa que me vem de dentro e me faz desejar... sei lá! Apetece-me muitas vezes deixar tudo e num imenso desprendimento de mim, ser capaz de me dar completamente.
“Tenho que fazer qualquer coisa! Estou farta que a esta impassividade tenha controlo sobre mim.” - Força nisso! Porque esperas?
Tudo que a aqui dizes é normal, não te preocupes.

A resistência á mudança nas pessoas é tão vital e essencial para a sobrevivência dos dias turbulentos que correm, quanto a própria necessidade de mudança, por isso tranqulidade e ânimo!